domingo, 10 de abril de 2011

Reações adversas do pavê de Maracujá

Esse post de hoje foi escrito há umas semanas atrás. Uma crônica que surgiu a partir de uma foto que vi na internet, foi um daqueles dias em que qualquer coisa gera angústia. No entanto, foi uma angústia proveitosa!!

Reações adversas do pavê de Maracujá


Como pode um pavê de maracujá me causar tanta angústia? Se fosse ao vivo em cores e com possibilidade de saboreá-lo, diria que se tratava de peso na consciência por comer algo calórico. No entanto, eu vi apenas a foto de uma receita na internet.
Era uma taça de vidro, com bolachas do tipo maisena em volta, tinha no fundo uma porção amarelada, ao lado metade de um maracujá com algumas folhas verdes. Era isso! Ah, com os seguintes dizeres ao lado: Maracujá. Pavê é aposta simples e rápida para a sobremesa.
Passei tão de relance sobre aquela imagem... mas uma olhada rápida foi o suficiente para me fazer sentir angústiada. Talvez, tenha lido Clarice Lispector muitas vezes nessa vida que incorporei momento epifânicos na minha rotina, ou, talvez, a tampa da válvula do meu subconsciente tenha escapado, liberando algum trauma ligado a maracujá, ou pavê! Freud explica isso, será que ele tinha alguma receita de pavê?
Na verdade, maracujá me lembra infância... Quando eu era criança morava numa área recem loteada, e era comum encontrar maracujás doce, aqueles de casca preta, nos terrenos da redondeza. Eu sempre catava no caminho, adorava apertar entre as mãos  até sentir a casca rachando, depois eu saboreava era tão doce que nem precisava de açúcar. Era doce como infância, se bem que a minha não foi nada doce!!! Concluo então que esses maracujás adoçavam momentos da minha infância azeda.
Ainda preciso entender por que a foto do pavê me deixou angustiada!!
Trazendo o pavê de maracujá para minha conflituosa existência, penso que eu e ele estamos na mesma... Azedo e doce ao mesmo tempo. É bem isso. Há dias que acordo azeda, tem dias que amanheço doce... também, nos últimos tempos o destino tem me presentado com momentos agridoces, momentos esses que me põem em dúvida entre o sacrifício, e o cômodo; entre a o querer, e o poder; entre o fazer e o não fazer. Dúvidas que geram o medo, medo de me arrepender de novas escolhas, e medo de me arrepender da estagnação.
Pior do que viver momentos agridoces, é perceber que eles são tão íntimos que fico impedida de compatilhar com outros, e isso sim, gera angústia. Percebo que dentro de mim há algum esquema de tortura, cujo algoz desse ato são meus olhos, minha boca, meu nariz, ouvidos e pele. São meus cinco sentidos que colocam meu peito a se torturar, causando sufocamento, dores e sensação de impotência.  Taí a explicação da angústia causada pela imagem do pavê de maracujá!! Mas ainda acho que essa angústia do pavê vai além!
Um minuto de reflexão, ou melhor, vou tentar reconstituir a sensação de ver a foto do pavê de relance.
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Após analise minuciosa: senti vontade de fazer algo que gostaria e não posso (momento agridoce). Acho que de fato eu queria fazer aquela receita... Vou dar um fim aos momentos agridoces, buscando meus ingredientes pessoais e fazendo a receita!!!
Hum, salvo engano tenho maracujás em casa, o que mais será que falta? 


"A vida é a soma das suas escolhas" Albert Camus

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