quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Revelando Segredos

Volto do feriado revelando meus segredos, trata-se de um  hábito que não vinha sendo muito cultivado... Deixa eu explicar melhor! Acontece que, dentro de mim há um espaço criativo, bem imaginário, e próprio pra inventar situações. São tantas que juntando todas daria um livro, mas não costumava registrar nenhuma das minhas invenções. O primeiro registro que fiz foi há muito tempo, tinha uns 15 anos e compus uma canção, na época eu tocava violão (está na hora de retomar as aulas) e criei até a melodia. O mais engraçado disso, é que apresentei num sarau do colégio, porém bateu aquela vergonha depois e eu nunca mais registrei nada do que criei...
Então, em Abril desse ano resolvi escrever, alguns no papel, outros no notebook, mas enfim estão a salvo. Montei esse blog pra falar de literatura, contudo estou instigada a publicar alguns textos meus, eles nunca foram lidos a não ser por mim mesma, daí, o título desta publicação!
Tomei coragem e vou revelar meus segredos aos poucos, começando com os menos introspectivos! Aí vai:

Musas

Estou aqui nesta noite,

Na penumbra escutando

Vozes que me movem

Nesta odisseia...

São vozes das deusas,

Musas que me inspiram a pensar

Pensar em mim mesma

Na minha condição de mulher

Na vidinha que tento me livrar,

Ou então, fingir que não me afeta.

São elas que me enchem de coragem...

Coragem de escrever versos de qualquer jeito

Numa tentativa insana de me compreender

E de acreditar que um dia eu possa mudar essa realidade

De que um dia meu discurso possa imprimir em outras mulheres ideais

De livramento da sociedade pudica, que encoberta traços de machismo a patriarcalismo

Desejo de em algum futuro ver estes versos enchendo o ego feminino de orgulho de ser tudo que somos

Somos mães, amigas, esposas, amantes, filhas, avós, donas-de-casa e sobretudo MULHERES

Somos ainda vítimas de descaso e preconceito, desvalorizadas pelos patrões e maridos algumas vezes

Ainda sim, amamos estes que nos fazem sofrer, e dedicamos maior parte de nossas vidas a eles...

Qual de nós nunca se esqueceu de si própria? Seja por um dia louco de trabalho, seja por um ano de amamentação e consequência do pós-parto

Somos guerreiras, somos anjos, somos mulher com ou sem pecado de Nelson Rodrigues... Balzaquianas, virgens ou devassas.

Meu último desejo é que minha voz continue de forma crescente, junto das minhas musas, repleto de anseios e inspirações e que jamais meus versos diminuam, mas sim cresçam como estes que fiz.

sábado, 4 de setembro de 2010

Boa tarde!

Em tempos de eleição é importante refletir sobre algumas questões, no blog da minha adorada joyce encontrei publicações ótimas sobre as mulheres. Vale a pena ler e pensar!

http://outras-bossas.blogspot.com/2010/08/feminismo-e-apartheid.html

http://outras-bossas.blogspot.com/2010/08/somos-todas-prostitutas.html

Boa leitura!

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

É - Gonzaguinha

Gozaguinha e democracia: ontem, hoje e sempre!

A canção "É" de Gonzaguinha celebrava a nova ordem política brasileira no final da década de 80, a democratização. É fazia parte do LP Corações Marginais lançado em 1988, ano em que foi aprovada uma nova constituição brasileira ( a mesma que vigora atualmente). A nova Constituição Federal do Brasil apagou os rastros deixados pelo governo totalitário da Ditadura Militar, instituindo um Estado Democrático cujos objetivos fundamentais são:


I. construir uma sociedade livre, justa e solidária;


II. garantir o desenvolvimento nacional;


III. erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;


IV. promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.


Essa constituição representa um pouco de cada brasileiro que lutou pelo fim da ditadura e pela redemocratização do país. Eles foram muitos: trabalhadores, estudantes, jornalistas, artistas, religiosos e etc. Nesse aspecto se enquadra a pessoa de Luiz Gonzaga Jr, Gonzaguinha. Filho de Luiz Gonzaga, escreveu sua primeira canção aos catorze anos, o primeiro albúm foi lançado em 1973 depois de ter 54 composições vetadas pela censura. Gozaguinha foi um artista engajado nas questões políticas do país, e é claro que não deixaria de transmitir a vontade da mudança em suas composições.

 

"Você deve aprender a baixar a cabeça e dizer sempre muito obrigado/ São palavras que ainda te deixam dizer por se homem bem disciplinado/ Deve pois só fazer pelo bem da Nação tudo aquilo que for ordenado" (Gonzaguinha, 1973)

A canção É representa toda a perspectiva do pós-ditatura, é a voz do povo na voz do compositor. E que gênero musical representa tão bem a nação? O samba, é claro! E em ritmo de samba que encontramos os objetivos fundamentais da constituição e o desejo de fazer valer cada um deles.

Fazer valer os direitos de cidadãos pelo povo é constantemente enfatizada pelo uso da anáfora A gente quer. Anáfora é repetição de uma palavra ou de um grupo delas no início de um verso ou estrofe.
 A gente quer representa a população brasileira, e toda uma geração que pretende viver e experimentar a democracia, uma vez que foram vinte anos de regime ditatorial no Brasil.
É!
A gente quer valer o nosso amor
A gente quer valer nosso suor
A gente quer valer o nosso humor
A gente quer do bom e do melhor...
A gente quer carinho e atenção
A gente quer calor no coração
A gente quer suar, mas de prazer
A gente quer é ter muita saúde
A gente quer viver a liberdade
A gente quer viver felicidade...


(...)





É!
A gente quer viver pleno direito
A gente quer viver todo respeito
A gente quer viver uma nação
A gente quer é ser um cidadão
A gente quer viver uma nação...

A melodia dessa canção junto com a repetição que se segue no início de cada verso nos transmite a ideia de hino democrático. Ao ouví-la percebemos um início com um tom intimista, fechado, ou seja, é uma melodia presa, falando para dentro. À medida em que vai desenrolando, e cantando direitos do cidadão, vai ganhando força e consegue externar toda sua vontade, agregando a gravação um coro que exemplifica melhor a idéia de voz do povo.


Infelizmente, o rapaz compositor dessa canção não pôde gozar muito dos direitos conquistados faleceu em abril de 1991 em um acidente de carro. No entanto, o que faz um artista não ser esquecido são os mensagens transmitidas em sua obra, e isso ele soube fazer muito bem.





Então em época de eleição, lembre-se dos versos seguintes:

 



É!
A gente não tem cara de panaca

A gente não tem jeito de babaca

A gente não está

Com a bunda exposta na janela

Prá passar a mão nela...


Vamos pensar bem em quem pretendemos votar, pesquisar a história dos candidatos, ver se realmente VALERÁ o voto. E mais do que apenas votar, vamos cobrar nossos direitos buscando uma sociedade melhor e menos corrupta. Eu pelo menos, não ficar com cara de BABACA depois das eleições.

É isso aí!



Referência bibliográfica GONZAGUINHA. É. disponível em: http://letras.terra.com.br/gonzaguinha/16456/;
VANDERLEY, Paulo. Biografia. disponível em:
http://www.gonzaguinha.com.br/;
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm